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DIA INTERNACIONAL DA TIREÓIDE

JESS-PORTAL DA NOTÍCIA – EDIÇÃO – 3.704-SINDESP.ORG.BR

EM 25.05.2023 – DIA INTERNACIONAL DA TIREÓIDE

A tireoide é uma glândula que produz hormônios que são essenciais para o funcionamento do organismo em todas as etapas de nossas vidas. Afeta o desenvolvimento e crescimento na criança, o metabolismo, a função de diversos órgãos e a fertilidade.  As doenças da glândula são muito frequentes. A tireoide pode aumentar de tamanho homogeneamente ou na forma de nódulo(s), benigno ou maligno. Quando deixa de produzir hormônios adequadamente ocorre o hipotireoidismo e quando ela produz em excesso, o hipertireoidismo. Ambas situações trazem consequências negativas para o organismo. Deve-se dar atenção especial ao feto e neonato, pois o hipotireoidismo nestas fases da vida causa graus variáveis de retardo mental irreversíveis se não for tratado precocemente. Por isto, é extremamente importante a avaliação da tireoide da gestante para garantir sua ingestão adequada de iodo (usado pela tireoide da mãe e do feto para produzir os hormônios).   A tireoide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço abaixo da cartilagem CRICÓIDE, conhecida como pomo de Adão. Ela é formada por dois lobos, que ficam dispostos de cada lado da TRAQUÉIA, e pelo istmo que une os dois lobos fazendo com que a glândula tenha formato semelhante ao de uma borboleta. A sua principal função é produzir os hormônios tireoidianos TRIIODOTIRONINA (T3) e TETRAIODOTIRONINA (T4). A tireoide produz principalmente o T4 e este vai ser transformado perifericamente (dentro das células nos tecidos alvo) em T3, que é o hormônio ativo. O T3 vai se ligar a receptores no núcleo das células, estimulando o funcionamento das mesmas. O hormônio tireoidiano age em praticamente todos os órgãos, estimulando várias funções, como se fosse a gasolina do corpo humano. O hormônio tireoidiano age no coração controlando os batimentos cardíacos; no intestino controlando o peristaltismo e frequência de evacuações, na temperatura corporal, no humor, na memória; e outras funções cognitivas. Age também no osso, no músculo e no tecido adiposo. Nas mulheres pode alterar a ciclo menstrual e ovulação quando ocorrem disfunções tireoidianas. O hormônio tireoidiano é extremamente importante para a formação do sistema nervoso central no feto e no neonato e a deficiência destes hormônios, o hipotireoidismo, durante esta fase da vida gera retardo mental que pode ser irreversível se não tratado no primeiro ano de vida.A tireoide pode ter alteração funcional ou anatômica. Quanto à alteração anatômica, esta pode ser pela presença de nódulos (bócio UNINODULAR ou MULTINODULAR) ou pelo crescimento uniforme da glândula (bócio difuso). O bócio, chamado popularmente de papo, significa qualquer aumento da tireoide, seja de forma difusa ou nodular. O bócio difuso pode ocorrer nas disfunções tireoidianas, que será comentado posteriormente, ou quando ocorre deficiência de iodo também chamado de bócio endêmico. O bócio endêmico é mais raro no Brasil devido à implementação do iodo no sal de cozinha a mais de uma década. Os nódulos são detectados ao exame clínico, ou seja, pela palpação do pescoço, em 4-7% da população e em 95% dos casos são benignos. No caso dos malignos os pacientes são submetidos a TIREODECTOMIA total (retirada da glândula) e reposição hormonal. Felizmente a grande maioria dos casos de câncer de tireoide tem um prognóstico excelente quando manejados de forma adequada. A tireoide pode ter dois tipos de disfunção: o hipotireoidismo, quando funciona menos do que o necessário; e o hipertireoidismo, quando a glândula funciona mais do que deveria.  Estas disfunções são, na maioria dos casos, geneticamente herdadas e outros membros da família também são acometidos por estas disfunções. Tanto o hipotireoidismo como o hipertireoidismo são doenças autoimunes. O indivíduo produz anticorpos contra a própria tireoide, bloqueando ou estimulando o seu funcionamento, respectivamente. O hipotireoidismo é a alteração mais frequente da tireoide. Sua prevalência em mulheres é em torno de 10% e aumenta na menopausa, ficando em torno de 12 a 15% nesta fase. Em homens é menos frequente e sua prevalência é em torno de 3%. A incidência do hipotireoidismo em mulheres é de 4/1000 por ano e nos homens de 0,6/1000 por ano. O TSH é o hormônio estimulador da tireoide, ele é produzido pela hipófise e controla o funcionamento da tireoide. Quando ocorre o hipotireoidismo o TSH se eleva para estimular a glândula e quando a tireoide está HIPERFUNCIONANTE, o TSH fica suprimido. O TSH, o T4 e o T3 são utilizados em conjunto para avaliação da função tireoidiana, sendo o TSH o exame mais robusto. Durante as últimas décadas, os avanços na sensibilidade e precisão dos ensaios laboratoriais para dosagem de TSH, bem como o entendimento das disfunções subclínicas (alterações discretas da função tireoidiana), possibilitou fomentar a discussão sobre o que constituem os valores de normalidade do TSH no soro.Argumenta-se que o estabelecimento de normalidade mais refinado, refletiria melhor a “saúde tireoidiana” do que os valores atualmente adotados. Este assunto é de fundamental importância porque se relaciona com a realização de rastreamentos populacionais para disfunções tireoidianas e com a determinação do momento adequado para que a terapia de reposição hormonal seja iniciada, assim como na determinação do intervalo ideal dos valores de TSH dentro do qual os pacientes em tratamento para o hipotireoidismo devem manter seu TSH sérico. O atual valor normal do TSH sérico é de 0,4 a 4 mUI/L, algumas instituições recomendam a redução desses valores, ressaltando que 95% da população dos indivíduos EUTIREOIDIANOS Saudáveis apresentam um TSH sérico entre 0,4 e 2,5 mUI/L. A Sociedade Americana dos Endocrinologistas Clínicos considera o valor normal de TSH de 0,3 a 3,0 mUI/L A tireoide é a gasolina do corpo, age estimulando o funcionamento e diversas funções nos diferentes órgãos, portanto ela estimula o metabolismo e o gasto energético. Quando a tireoide essa funcionando, menos no caso do hipotireoidismo, a paciente vai ter um gasto energético reduzido. Além disso, ocorre retenção de líquido o que ocasiona um aumento de peso em torno de 10% do peso corporal. No hipertireoidismo ocorre o contrário, há um aumento do metabolismo e do gasto energético que a paciente não consegue compensar com o concomitante aumento do apetite. Mas, devemos salientar que é um mito dizer que uma pessoa é gorda ou magra porque tem problema de tireoide. Estas disfunções causam alteração transitória do peso enquanto a paciente não está sendo tratada, uma vez que a paciente está recebendo tratamento adequado o peso vai depender da ingesta e do gasto calórico como ocorre com qualquer pessoa saudável. Podem desencadear outros problemas de saúde a curto ou longo prazo. No hipotireoidismo o(a) paciente vai apresentar um ou mais destes sinais e sintomas, que podem variar de intensidade conforme a gravidade da doença: alteração de humor como desânimo e até depressão; memória comprometida; distúrbio do sono; pele seca; queda de cabelo; intolerância ao frio (sente mais frio do que o normal); edema (inchaço) de pálpebras principalmente, mas, também, edema de pernas e mãos; obstipação (intestino preso) nas mulheres pode haver alteração do ciclo menstrual até AMENORRÉIA (parada da menstruação); e em ambos os sexos pode haver diminuição da libido. Caso aja demora no diagnóstico e tratamento pode ocorrer anemia, alteração do colesterol, aumento da pressão arterial, insuficiência cardíaca e raramente o coma, que ocorre mais em idosos quando o diagnóstico não é feito ou param de fazer o tratamento adequado. No hipertireoidismo, os sinais e sintomas são opostos aos do hipotireoidismo, ou seja, o(a) paciente vai apresentar agitação; irritabilidade; alteração do sono (insônia); cabelos finos e unhas quebradiças; pele quente e úmida; intolerância ao calor (sente mais calor do que o normal); aumento da frequência de evacuações, podendo ter diarreia; alteração do ciclo menstrual (diminuição do intervalo e alteração de fluxo); taquicardia; e tremor das mãos. Em longo prazo, o hipertireoidismo pode causar arritmias cardíacas, como fibrilação atrial; diminuição da massa magra (músculo); e diminuição da massa óssea com osteoporose e possível aumento do risco de fraturas em mulheres pós-menopausa. Não existe nenhuma dieta ou cuidado especial que possa impedir o aparecimento destas disfunções. Importante ressaltar que as fórmulas de emagrecimento, em geral, contém hormônio tireoidiano para aumentar o gasto calórico. Entretanto isto ocorre as custas de um hipertireoidismo que, como foi comentado acima, tem efeitos deletérios a saúde. Portanto, é melhor não tentar aumentar a função da tireoide para emagrecer e assim evitar problemas. O tratamento do hipotireoidismo é feito com reposição hormonal, LEVOTIROXINA, que deve ser tomada diariamente, pela manhã, via oral e em jejum. O médico avalia, com exames de sangue, a função TIREODIANA e faz ajustes necessários de dose, baseado nos exames laboratoriais e na avaliação clínica da paciente. No hipertireoidismo há mais de uma opção terapêutica, a droga ANTITIREOIDIANA, o iodo radioativo ou cirurgia. O paciente pode ser tratado com medicamento que vai diminuir a produção de hormônio tireoidiano pela glândula (droga ANTITIREOIDIANA), por um período que varia de um a dois anos. Neste período, em geral, o processo imunológico regride. A outra modalidade de tratamento, quando o medicamento não é a melhor opção, como nos casos mais severos ou intolerância ao medicamento, é o tratamento com iodo radioativo que vai provocar morte celular, redução do volume da glândula e hipotireoidismo. No caso deste tratamento, o paciente vai precisar fazer reposição hormonal. A terceira opção é o tratamento cirúrgico reservado para casos mais severos ou nos casos em que o bócio é volumoso (aumento exagerado da glândula). A tireoide utiliza o iodo ingerido na dieta para a produção dos hormônios tireoidianos. Uma dieta adequada deve fornecer cerca de 150 microgramas de iodo por dia, que a quantidade suficiente para uma adequada produção dos hormônios tireoidianos. Medicamentos, vitaminas ou alimentos com grande quantidade de iodo como frutos do mar, pães industrializados entre outros podem fornecer uma quantidade exagerada de iodo, causando disfunção tireoidiana. O excesso de iodo crônico pode ocasionar o hipotireoidismo, enquanto que uma sobrecarga aguda de iodo pode causar tanto HIPO como hipertireoidismo. A falta de iodo gera problemas mais graves. Pode ocasionar o hipotireoidismo e o desenvolvimento do bócio endêmico. As gestantes, em especial, necessitam de mais iodo, cerca de 250 microgramas de iodo por dia, pois este iodo será utilizado pela tireoide do feto para a formação dos hormônios tireoidianos. A deficiência de iodo na gestante pode ocasionar problemas obstétricos e hipotireoidismo no feto – que leva a alterações no desenvolvimento do sistema nervoso, levando a retardo mental irreversível, se não tratado no primeiro ano de vida da criança. Para diagnosticar precocemente o hipotireoidismo no neonato se faz o teste do pezinho.