Malhação para o cérebro: Exercícios contra o Parkinson, Alzheimer e outros. Não estamos falando de exercícios para estimular a memória ou o raciocínio, não. É sobre colocar o corpo para se movimentar mesmo. Surgem cada vez mais provas de que a atividade física é uma forte aliada não só na prevenção, mas também no tratamento de doenças nervosas.
Doença de Parkinson
O Colégio Americano de Medicina do Esporte, uma das maiores autoridades no assunto, lançou um manual com orientações detalhadas para a realização de atividades físicas por pessoas que sofrem com essa doença neurodegenerativa progressiva, mais comum após os 60 anos.
O Parkinson é caracterizado pela diminuição drástica na produção de dopamina, um neurotransmissor que atua na coordenação dos nossos movimentos, permitindo que os façamos de forma automática. Por essa razão, seus principais sintomas são tremores em repouso, rigidez muscular, lentidão e falta de equilíbrio.
Com o tempo, o mal pode alterar a cognição e o comportamento. Estudos indicam que, além dos remédios, a atividade física auxilia a controlar as manifestações da doença — pois combate a fadiga e melhora o tônus muscular —, a prevenir a deterioração cerebral e a formar novas conexões entre os neurônios.
O que dá para fazer
Comece a suar: caminhada, trote, corrida, natação e aula de ginástica são exemplos de atividades aeróbicas. Elas devem ser regulares, rítmicas e supervisionadas.
Ganhe força: os movimentos devem trabalhar os grandes grupos musculares por meio de aparelhos, pesos livres, faixas de resistência ou o uso do corpo mesmo.
Treine o equilíbrio: as modalidades mais indicadas são as que unem movimentos multidirecionais, dinâmicos e com o peso do corpo, caso de ioga, tai chi chuan e dança.
Estique o corpo: alongamentos estáticos com respiração profunda são bem-vindos em geral, e os dinâmicos são recomendados antes de outros tipos de atividade.
Indicações e frequência
Atividade aeróbica: são recomendados três dias por semana por pelo menos 30 minutos de estímulo contínuo ou intermitente com intensidade de moderada a vigorosa.
Musculação: o ideal é praticar entre duas e três vezes não consecutivas por semana por ao menos meia hora. As séries devem ter entre dez e 15 repetições.
Equilíbrio: a orientação do manual americano é trabalhar equilíbrio e agilidade ao mesmo tempo. São prescritas duas aulas semanais — vale ioga, dança, funcional…
Alongamento: de duas a três vezes por semana gera bons resultados, mas, para ter benefícios consistentes, o melhor é se alongar todos os dias sem forçar os limites
Alzheimer
De modo sorrateiro e gradual, ele solapa funções cerebrais como a memória, comprometendo o dia a dia até que a pessoa vire dependente de outra para executar as atividades mais básicas. A ciência ainda batalha para saber todos os detalhes por trás da doença e já descobriu que o acúmulo anormal de certas proteínas leva à morte dos neurônios.
Também existem evidências de que o sedentarismo é fator de risco para o Alzheimer. Na contramão, além de somarem pontos à prevenção, exercícios orientados seriam coadjuvantes para minimizar o processo de perda cognitiva e auxiliar na estabilização das alterações de humor e comportamento típicas do quadro.
Pesquisas apontam que o ideal seria o paciente praticar 150 minutos de atividade física mais vigorosa por semana, mas exercícios leves já trazem benefícios. Pensando nesse impacto sobre a doença, que carece de um tratamento 100% efetivo, a Sociedade de Alzheimer do Reino Unido atualizou suas recomendações de atividade física para casos iniciais e moderados. Veja só!
O que dá para fazer
Hora de bailar: pode ser sozinho, em dupla ou em grupos. Não há um tipo de dança mais indicado, mas é interessante que os movimentos possam ser livres e improvisados.
Dentro da piscina: além das vantagens típicas dos exercícios aeróbicos, atividades aquáticas têm um efeito relaxante. Mas é essencial que sejam feitas com total supervisão.
Pelas calçadas: a caminhada trabalha diversas habilidades do corpo. Médicos indicam passeios acompanhados, o que evita se perder pelo caminho e estimula o contato social.
Em câmera lenta: o tai chi chuan é uma arte marcial baseada em movimentos leves e lentos, combinados com uma prática contemplativa. Mexe com o corpo e a mente.
Indicações e frequência
Dança: ela melhora a força, a flexibilidade, a estabilidade e a agilidade. Para quem tem dificuldades motoras, vale dançar com um par ou sentado
Natação: aperfeiçoa a coordenação e o equilíbrio, e o suporte oferecido pela água ajuda na realização da atividade. Procure instrutores treinados.
Caminhada: a distância percorrida e o tempo variam de acordo com a capacidade de cada pessoa. Andar na praça ou no parque trabalha o físico e o social.
Tai chi chuan: seus movimentos não exigem muito deslocamento e são focados no equilíbrio e na estabilização do corpo, o que mobiliza inclusive a cognição.