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Pós-pandemia
Energias eólica e solar devem ser, cada vez mais, apostas de governantes e empresas no pós-pandemia. No caso da solar, essa forma de consumir energia chega inclusive aos pequenos negócios locais. “É um novo modelo que está cada vez mais se consolidando no mundo. Sendo uma atividade econômica que está em alta, os governantes têm esse interesse de incentivar”, informa Jonas Becker, coordenador estadual da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR) no Ceará. Para Jonathan Colombo, da vestas, a pandemia mostrou como as energias renováveis podem ser confiáveis. “Quando no começo da crise os combustíveis fósseis sofreram fortes impactos no fornecimento de energia, as renováveis se mantiveram mais estáveis e supriram as lacunas[…] o relatório ‘custos de geração renovável’ da irena mostrava que, já em 2019, as renováveis apresentaram custos mais baixos que as fontes fósseis “, diz.
Hub de hidrogênio verde irá acelerar desenvolvimento
Por Ana Beatriz Caldas
Realizada em parceria com a empresa australiana Energix Energy, iniciativa deve gerar mais de 4 mil empregos diretos e colocar estado no ranking dos principais produtores de energia limpa do mundo para atingir o objetivo do acordo de Paris, tratado assinado por 195 países em 2015 com o intuito de reduzir a emissão de gases poluentes na atmosfera, as nações têm feito um esforço conjunto para descarbonizar o sistema de fornecimento mundial de energia. Dentre as principais ações para atingir a meta, está a substituição de fontes de energia não renováveis por fontes renováveis, a exemplo do hidrogênio – Que está sendo considerado não só um fator de transformação ambiental, mas também socioeconômica. Visando absorver esse impacto positivo, o governo do Ceará lançou, em fevereiro, o projeto de um hub de hidrogênio verde que deve colocar o estado em destaque entre os produtores de energia limpa.
O programa, que já está em fase de planejamento, terá investimento inicial de US$ 5,4 bilhões, através de uma parceria com a empresa australiana Energix Energy. segundo Constantino Frate, consultor de energias renováveis da secretaria do desenvolvimento econômico e trabalho do Ceará (SEDET/CE), o projeto deve se tornar realidade em até quatro anos após o estudo de viabilidade, dando início a uma produção anual de 600 milhões de quilos de hidrogênio. Escolha de investir no combustível como impulsionador da economia e da transformação sustentável no estado parte de uma ampla pesquisa com base em experiências e projeções internacionais. De acordo com Mônica Saraiva Panik, diretora de relações institucionais da Associação Brasileira do Hidrogênio (ABH2) e consultora da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a expectativa é que, até 2025, países que representam até 80% do PIB global já terão desenvolvido estratégias próprias relacionadas ao hidrogênio. “Nesse aspecto o Brasil é riquíssimo, porque possui uma matriz energética 83% renovável, enquanto países da Europa e Ásia não possuem fontes de energia renovável suficientes para atender à demanda local de descarbonização e precisarão importar hidrogênio verde em grande escala. Desta forma, a produção e exportação de hidrogênio representa uma nova oportunidade de negócios para o Brasil”, explica a especialista.
Ceará na vanguarda do setor de energias renováveis
Enquanto o Brasil se destaca internacionalmente, o Ceará já é um dos expoentes nacionais quando se fala em exportação de energia. Segundo Duna Uribe, diretora comercial do complexo do Pecém (CIPP S/A), as principais vantagens competitivas do estado estão conectadas ao Porto do Pecém, onde a usina de hidrogênio verde deve ser instalada. Entre outros privilégios, o CIPP oferta proximidade aos mercados consumidores; Áreas industriais e em terrenos de zona de processamento de exportação (ZPE), oferecendo benefícios tributários de ZPE, e infraestrutura portuária, com rede elétrica robusta e infraestrutura de linhas de transmissão compatível com as demandas das usinas de eletrólise. Além disso, o pecém possui parceria com o Porto de Roterdã, que está se tornando o principal ponto de recebimento e distribuição de hidrogênio verde na Europa. “Levando em conta a capacidade instalada e o potencial já calculado de novas instalações de fontes renováveis (eólicas ou fotovoltaicas) – Além da combinação entre as fontes solar e eólica, num processo híbrido, – Há um ambiente muito favorável para este tipo de negócio”, ressalta Duna. Atualmente, o Ceará dispõe de 94GW de potencial eólico, com fator de capacidade médio de 44%, superior à média de 42,5% do país. Outro aspecto que possibilita a exportação de energia limpa é que, de acordo com o anuário estatístico da eletricidade 2019, o Ceará possui um excedente energético em relação à capacidade atual, o que faz com que o uso de energia renovável não concorra com o consumo local.
O que é?
A diferença entre o hidrogênio “comum” e o hidrogênio verde consiste, principalmente, na forma como eles são fabricados. O hidrogênio produzido através da eletrólise da água com a eletricidade gerada por fontes renováveis de energia, como solar, eólica e hidroelétrica, é chamado de hidrogênio verde. O hidrogênio produzido a partir da biomassa também pode ser considerado verde, dependendo do processo.
Fonte: Mônica Saraiva Panik
vantagens competitivas do ceará para produção de hidrogênio verde
Fonte: Mônica Saraiva Panik
Solar: Alto potencial para energia solar (643GW) e complementaridade diária solar + eólica = 50%/50%, condição ideal para a operação de eletrolisadores.
Tributos: Benefícios tributários de ZPE.
Localização: Localização privilegiada do complexo do Pecém, que está conectado às principais rotas marítimas ligadas à Europa e aos Estados Unidos.
Qualificação: Mão de obra qualificada (IFCE Caucaia, Pecém e Paracuru), com rede de ensino médio e superior apta a atender à demanda da nova cadeia produtiva.
Eólica: Alto potencial para energia eólica onshore (na terra): 94GW e offshore (no mar): 117GW.
Benefícios: Condições fiscais e administrativas confiáveis e benefício fiscal concedido pelo PIER (programa de incentivos da cadeia produtiva de energias renováveis).
Custos: Custo logístico competitivo pela proximidade aos mercados.
Roterdã: participação acionária do porto de Roterdã no complexo do Pecém, favorecendo a importação de equipamentos e a exportação do hidrogênio.
FONTE: JORNAL O POVO SÉRIE DE REPORTAGENS