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Envelhecer é Doença? Entenda Diferença Entre Senescência e Senilidade

JESS – Portal da Notícia – Edição 2.437 – sindesp.org.br

O desejo de viver uma vida longeva é bastante comum. no entanto, muita gente teme adentrar a velhice por associar essa fase da vida a uma etapa de doença. De fato, algumas pessoas vão chegar ao final da vida debilitadas e portadoras de doenças; o tema, aliás, já foi até analisado por um estudo famoso da revista científica the lancet. O “global burden of diseases” (carga global de doenças, em tradução livre) faz um cálculo para chegar ao número de anos vividos por indivíduos com alguma deficiência. a última versão, de 2019, mostra que tem aumentado o período vivido doenças não-transmissíveis como diabetes, hipertensão e infarto, entre outras.

Mas é importante dizer que não, a velhice não é uma doença. Tanto que a SBGG (sociedade brasileira de geriatria e gerontologia) tem lutado para uma alteração no cid 11, que entrará em vigor em 2022 e inclui a classificação “mg2a – velhice”. Para Ivete Berkenbrock, geriatra e presidente da SBGG, isso não só colabora com o preconceito como prejudica a captação de dados epidemiológicos sobre o envelhecimento.“Pessoas serão extremamente prejudicadas em contratação de planos de saúde, seguros e financiamentos pois podem ser consideradas portadoras de uma doença baseada exclusivamente em idade”, lamenta.

No entanto, é importante dizer que a mudança pela qual o corpo passa durante esse processo pode, sim, tornar algumas patologias mais frequentes. Ao processo de envelhecimento associado a doenças damos o nome de senilidade. já as mudanças naturais adquiridas com o avançar dos anos são chamadas de senescência. “São alterações próprias do envelhecimento como rugas, branqueamento dos cabelos, diminuição de estatura, entre outras”, diz o geriatra Omar jaluul, médico-assistente do serviço de geriatria do hc-fmusp (hospital das clínicas da faculdade de medicina da universidade de SÃO PAULO). A questão é que muitas vezes esses processos se confundem. a memória, por exemplo, acaba sendo um pouco reduzida com a idade, mas esquecer-se ou atrapalhar-se com algo que já se sabia pode ser um sinal de problemas mais sérios. “todas as vezes que houver comprometimento das atividades de vida diária, da autonomia e da independência, estaremos em face da senilidade”, afirma a geriatra maria zali san lucas, médica do hu-ufma (hospital universitário da universidade federal do maranhão) da rede ebserh (empresa brasileira de serviços hospitalares).

Para ajudar a entender melhor esses processos, os especialistas apontam as principais diferenças entre os dois processos. Confira:

1. Cognição e memória

Quem nunca ouviu um idoso dizendo que a cabeça não é mais a mesma? Isso ocorre porque as alterações cognitivas são normais, já que há uma redução do número de neurônios e das sinapses do hipocampo. “É comum que se detecte uma menor prontidão da memória, lentidão em executar tarefas e nas reações, esquecimento de nomes com posterior lembrança, rememoração de fatos remotos com maior apelo emocional e até a repetição da mesma história para a mesma pessoa em diferentes ocasiões”, lista Berkenbrock.

Ela reforça que isso só começa a ser preocupante quando as atividades básicas e instrumentais de vida diária começam a declinar ao ponto comprometer a logística da vida do indivíduo. “Muitas vezes não é tão fácil identificar uma perda de memória patológica, por isso é importante procurar um médico em caso de dúvida”, diz Jaluul.

2. Sentidos

Começando pela visão, San Lucas reforça que é comum e esperado que com o tempo ocorra uma redução na acuidade visual, como redução da flexibilidade do cristalino (o que leva à presbiopia, conhecida também como “vista cansada”) e diminuição da capacidade de contração muscular (prejudicando a visão periférica e a capacidade de reação da pupila para o controle da luz), entre outros.

Nos ouvidos, o tímpano também perde sua elasticidade, além da perda de flexibilidade dos ossículos do ouvido médio, o que compromete a audição. Já no nariz, há uma degeneração das células olfatórias, então perde-se também a capacidade de percepção do cheiro, o que também afeta o paladar.

Mais uma vez, essas alterações pedem acompanhamento médico adequado, e começam a se tornar patológicas quando prejudicam o dia a dia do idoso.

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