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GOSTO MUITO DESSE TEXTÍCULO – de Hugo Martins

Redigi-o em 2014. Motivação? Não me lembro. Talvez a certeza cruel de que tempo e movimento, categorias e cruz dos homens, a nada e a ninguém perdoam e tudo exterminam.  Epa! Agora lembrei: a vaidade.
E você, meu caro leitor, já pensou nisso ou continua se achando o tal? Um dia você será lembrado pelos que ficaram, afinal fotografias e lápides tumulares darão a você alguns momentos de rala eternidade. Depois, infelizmente, e não há prova em contrária, você cairá na vala comum dos deslembrados e esquecidos.
Pois é, meu amigo, c’est la vie…
Dormi bem, estou bem, não lembro nenhum sonho soturno. Pura mania de refletir sobre a teatralidade da existência.
Como acordei mais cedo e nada me veio à cachola à guisa de motivação para escrever, reedito o presente textículo… Só isso. Na hipótese de tratar o mesmo tema por meio de outro texto, ocorreria inovação no significante, o significado, sem dúvida, seria o mesmo que aí está. Sou pouco otimista, mas não sou de todo pessimista, “antes, pelo contrário”.
A opção pelas mulheres não passa de mera coincidência, são elas homens na concepção genérica e atores do mesmo drama.
Vamos nós…
Em que estou pensando? Nas mulheres belas… Nos olhos de Sofia Loren… No rosto de querubim de Grace Kelly… Nos lábios de Angelina Jolie… Na boca rasgada de Júlia Robert… No busto de Elke Sommer… No corpo longilíneo de Daryl Hanna… Na aura de espiritualidade de Meryl Streep…
Por outro lado, também estou a pensar na inteligência fulgurante de Simone de Beauvoir… Nos olhos expressivos e cheios de amor extremo de Madre Teresa… Nos olhos tristes de Anne Frank… Nos olhos míopes e perscrutadores de Rose Marie Muraro… Na expressividade enigmática nos olhos da Virgem Maria, captada pelo gênio de Micheangelo Buonarroti… Nos olhos sem brilho e sem esperanças das mulheres fotografadas por Sebastião Salgado…
Todas iguais perante a lei, como quer o direito liberal; todas iguais na sua própria condição de ser humano como não nos deixa mentir nossa vã filosofia…
Por óbvio, embora existam diferenças entre elas, entre as belas, entre as menos belas; entre as mais bem aquinhoadas intelectualmente e as mais burrinhas e  tapadinhas, todas padecerão com a passagem do tempo; todas sofrerão com o que o tempo vai subtraindo de seus predicados, sejam físicos ou espirituais… Todas, fatalmente, chegarão pontualmente à sepultura, que as aguarda como uma espécie de apetitoso repasto para as inevitáveis  turmas de vermes…
Mas por que estou eu pensando nesta coisa que me cheira ao tétrico, ao lúgubre, ao assombroso? Pessimismo? Alguma revolta com a vida? Penso que não… Creio que a coisa me vem à cachola quando começo a refletir sobre a inutilidade da vaidade… Toda vez em que penso na vaidade ou leio sobre ela em Matias Aires ou mesmo nas palavras iniciais do Eclesiastes, assaltam-me reflexões desse teor… Vôte, canhoto…
Agora me desculpem, vou preparar a pipoca, sentar-me no sofá, em frente à “máquina de fazer doido” e abrir o espírito para receber as enxurradas de coisas inteligentes que advirão das novelas globais…
E viva a vaidade! E viva a dor! E Viva a idiotia coletivizada!!!!!!!