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Pesquisa feita no Reino Unido observou 6,9 milhões de pessoas. No Ceará, obesidade é a terceira comorbidade mais relatada dentre os casos graves.
Desde o início da pandemia de Covid-19 é sabido que a obesidade, assim como outras comorbidades, pode agravar quadros da doença. Um estudo feito no Reino Unido a partir da observação de 6,9 milhões de pessoas, publicado recentemente na revista The Lancet Diabetes & Endocrinology, confirma essa tese apontando que quanto maior o índice de massa corpórea, maior a chance de agravamento da infecção.No Ceará, conforme o boletim epidemiológico mais recente divulgado pela Secretaria da Saúde (Sesa), a obesidade está destacada como a terceira comorbidade mais relatada dentre os casos de pacientes que agravam e precisam seguir para a hospitalização, atrás apenas de diabetes e cardiopatias, respectivamente. “O estudo [do Reino Unido] mostrou que existe relação linear. Mostrou que o índice de massa corpórea a partir de 23 já eleva o risco para hospitalização. E esse índice acima de 28 eleva o risco de morte”, explica a médica endocrinologista Ana Flávia Torquato.
Essa tendência de agravamento, segundo a especialista, se deve, principalmente, a processos inflamatórios. “Obesidade é uma doença crônica associada a uma inflamação crônica. Então, existem alterações em relação à resposta imunológica do paciente. Além disso, o paciente com obesidade frequentemente tem comorbidades associadas, doenças metabólicas como, por exemplo, diabetes, que também é um fator de risco”. O imunologista Edson Teixeira corrobora o raciocínio de Torquato e afirma que, devido a essas inflamações, quanto maior o índice de massa corporal, maior a possibilidade, também, de microtrombos. “E isso também é um fator que pode levar ao óbito”, diz. Outra constatação do estudo do Reino Unido é de que a obesidade, sozinha, pode agravar casos de Covid-19 em jovens entre 20 e 39 anos de idade. Para Torquato, esse resultado é importante porque os jovens tendem a achar que não desenvolvem casos graves da doença.
Outras Ponderações
Agulha fina, poucos mililitros e uma picada no braço. O preço da imunidade contra uma doença é baixo, mas muitos não estão dispostos a pagar. A pandemia de Covid-19 evidenciou um comportamento que tem preocupado cientistas e profissionais da saúde do Ceará: a repulsa à vacinação. Os danos da recusa por ser imunizado, porém, vão além do prejuízo individual: impactam a saúde do outro, a rede assistencial pública, o trabalho da ciência e até a economia de um estado inteiro, como pontua Jocileide Sales Campos, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) no Ceará. A saúde é um bem social. E, para tê-la, você precisa ter um ambiente favorável, bem estar pessoal e mental.
Forma os “bolsões de pessoas suscetíveis”, como define Vanessa Soldatelli, coordenadora de imunizações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). “Estamos vendo tudo o que um vírus pode ocasionar. Há doenças que podem deixar sequelas permanentes e até matar. O impacto é grande”, pontua. Em Fortaleza, a título de exemplo, três vacinas importantes tiveram coberturas consideradas baixas, em 2020: BCG, contra tuberculose; hepatite Assim, você produz macolabora mais com o crescimento do todo. E, para tê-la, você precisa ter ambiente favorável, bem-estar pessoal e mental. Assim, você produz macolabora mais o crescimento de todo. É preciso existir essa noção. Além disso, há os impactos psicológicos e sociais do adoecimento por agentes imunopreveníveis. “Pessoas que ficaram com sequelas da poliomielite, por exemplo, têm prejuízos múltiplos: são dependentes e têm menos aceitação no mercado. Há tanto o risco emocional como para a renda”, avalia. A médica ressalta que “a vacina tem um custo mínimo em relação ao que se gasta cuidando de doenças” como o sarampo, que voltou devido às baixas coberturas da vacina tríplice viral. “Em Fortaleza, onde nascem pelo menos 30 mil crianças por mês, 7 mil não são vacinadas. Em 3 anos, são 21 mil sem proteção”, lamenta.
Cobertura Vacinal em Baixa
Esse grupo B em bebês de até 30 dias; e o reforço da pneumocócica, contra pneumonia, meningite, otite etc. No nível estadual, as duas primeiras são as que mais preocupam, principalmente porque devem ser aplicadas no primeiro mês de vida. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), as vacinas em geral evitam, todos os anos, de 2 a 3 milhões de mortes por doenças imunopreveníveis. “Da mesma forma que as pessoas estão ansiosas para receber a imunização contra a Covid, não podem esquecer das outras vacinas de rotina, como a da influenza”, alerta Vanessa. A gestora explica ainda que o processo de erradicação de uma doença “é trabalho de formiguinha”.
Aumento da Expectativa de Vida
Em defesa da vacinação, o médico Ramon Rawache, que atua na rede pública e integra o Coletivo Rebento, relembra que “de 1980 pra cá, o Brasil teve um ganho de 30 anos de expectativa de vida. É extremamente temerário e até criminoso uma pessoa fazer campanha e política contra isso”, opina. O profissional de saúde afirma que os danos do avanço do pensamento antivacina são “incalculáveis”. “Se tem um surto de doença imunoprevenível, a ausência das pessoas no trabalho aumenta, podem ficar sequeladas e ter que receber auxílios. Fora o impacto na vida, que dinheiro algum consegue pagar”, sentencia Ramon.
Sem vacina, não se volta à vida normal, com comércio, escolas, turismo e eventos abertos. Se o Brasil não tivesse recusado 11 propostas de vacinas, teríamos imunizado boa parte da população.
Para Edson Teixeira, imunologista e professor do Departamento de Patologia e Medicina Legal da Universidade Federal do Ceará (UFC), é necessária uma união concreta entre comunicação e ciência, no sentido de levar informações corretas e conscientizar a população sobre a importância de se vacinar. “Precisamos demonstrar as variadas evidências sobre o uso de vacina no Brasil e no mundo, controlando doenças gravíssimas, que demandam leitos de UTI e custos gerais. A vacina melhorou o mundo em todos os aspectos, desde econômicos aos sociais e de saúde”,
Vacinação
A presidente da SBIm no Ceará também reforça que “quando as pessoas não têm informação correta, acham que as doenças já desapareceram e não retornam, ou criam ilusões de que a vacina vai criar situações adversas”.
Mitos e Fatos Sobre Vacinação
Vacina pode matar? Se a doença está erradicada, não é mais preciso imunização contra ela? Melhor pegar gripe do que se vacinar contra ela? Teste os conhecimentos sobre as informações verdadeiras e as falsas relacionadas aos imunizantes.
Doença crônica, obesidade é fator de risco para complicações da covid-19 em pacientes, diz médica
Flávia Torquato ressalta, também, que o isolamento social provocado pela pandemia tem aumentado a proporção de pessoas obesas e com sobrepeso no País e que isso é preocupante. “O isolamento social, apesar de necessário para evitar a contaminação, se associa ao excesso de alimentação. A pessoa tende a ‘beliscar’ mais, comer mais. Mexeu muito com a questão psicológica, ansiedade, depressão, além do sedentarismo”, alerta a médica, que chama atenção para o desenvolvimento de hábitos saudáveis de alimentação e atividade física. Dados da pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) divulgados em 2020 apontaram que, à época, no Brasil, 55,4% da população estava com sobrepeso — índice de massa corpórea acima de 25 — e 20,3% com obesidade — índice acima de 30.
Relação com Vacina
Com outro estudo feito por pesquisadores italianos com trabalhadores da saúde com obesidade mostrou que, quando comparado às pessoas sem essa condição, esse público produziu cerca da metade da quantidade de cravar um entendimento sobre a eficácia da vacina nesse grupo ou mesmo indicar algo sobre a necessidade de reforço no esquema vacinal.
Que indivíduos com obesidade, quanto maior o índice de massa corporal, menor é a resposta às vacinas. Ou seja, não é uma coisa nova, mas é uma coisa que preocupa, no caso, da Covid-19”.
Segundo o Ministério da Saúde, pessoas com obesidade são prioridade para a vacinação contra a Covid-19 e estão incluídas na terceira etapa da campanha, que deve ser iniciada neste mês de maio.
FONTE DIÁRIO DO NORDESTE 01/2021