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Teste Covid-19 – Identificação de Potenciais Transmissores

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A epidemiologista da Associação Brasileira de Epidemiologistas de Campo (ProEpi), Daniele Queiroz, explica que “os testes são excelentes ferramentas que permitem identificar quais as pessoas são potenciais transmissores da doença”, e ao detectar essas pessoas, o principal objetivo é isolá-la.

“Ser contato de alguém que teve teste positivo, no geral, representa que deve haver isolamento deste indivíduo mesmo que não apresente sintomas, 14 dias após o contato. Este novo caso, ser testado ou não, não impactaria na transmissão se mantiver o isolamento. Mas, infelizmente, não é assim. E muitas pessoas, mesmo tendo contato com casos positivos, não realizam a quarentena ou isolamento”, avalia.

Questionada se nessa segunda onda há preocupações específicas com a subnotificação, assim como ocorreu na primeira, ela pondera que “talvez a pergunta seria se devemos nos preocupar com a subnotificação. A resposta é sim, pois se trata de uma nova onda de casos após a introdução de uma nova variante. A subnotificação mascara o cenário epidemiológico e deixa os gestores em apuros quando já se deparam com as UPAS e hospitais lotados de casos graves, sem tempo para planejarem a ampliação de leitos e assistência”.

Assintomáticos e pré-sintomáticos

A epidemiologista e doutoranda em Saúde Pública na Universidade Federal do Ceará, Kellyn Kessiene de Sousa, reforça que é importante diferenciar os assintomáticos dos pré-sintomáticos. “Algumas pessoas podem não apresentar nenhum sintoma ao testar positivo para a Covid, mas, depois de alguns dias, passar a apresentar sintomas. Nesse caso, essas pessoas eram pré-sintomáticas quando fizeram o teste e passaram a ser sintomáticas após alguns dias”. De acordo com ela, estudos sugerem que “o tempo entre o teste positivo e o início dos sintomas, nesses casos, pode variar de três a sete dias”. A transmissão do vírus, lembra Kellyn, também ocorre “nos casos assintomáticos e pré-sintomáticos, principalmente nos primeiros dias após a infecção. Isso porque o vírus, ao infectar uma pessoa, pode iniciar a replicação viral, ou seja, multiplicar-se dentro das células do aparelho respiratório, como o nariz e a garganta”.Para ela, as incertezas evidenciam que a testagem em massa é uma boa estratégia, incluindo as pessoas que não possuem sintomas. Junto ao distanciamento social, reforça, “os testes de diagnóstico para o coronavírus se tornaram ferramentas essenciais”. A epidemiologista destaca ainda que, tendo em vista o cenário da pandemia, na qual a transmissão já está sustentada, “a notificação serve mais como vigilância para avaliar a possibilidade de redução de casos”. E, portanto, “os assintomáticos parecem ser peça importante para a dispersão do vírus, tanto na perspectiva populacional, quanto no contexto econômico e dos serviços essenciais”.

FONTE DIÁRIO DO NORDESTE 16/03/2021