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UECE e FIOCRUZ

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A Universidade Estadual do Ceará (UECE) e a Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) anunciaram nesta 16/04, parceria em pesquisa e desenvolvimento de medicamentos contra a Covid-19 a partir de fragmentos de anticorpos de lhamas. A Faculdade de Veterinária (FAVET), da UECE, trabalha diretamente na iniciativa. Os estudos estão em fase inicial. Por meio do programa de pós-graduação em ciências veterinárias, a FAVET é responsável pela manutenção e reprodução das lhamas, além de participar das atividades ligadas à reprodução de nanocorpos.

Esses anticorpos, que são coletados de camelídeos, como as lhamas, reconhecem de forma mais eficiente antígenos diversos, sejam eles virais ou toxinas animais, o que amplia a possibilidade de utilização no tratamento de uma série de doenças, inclusive a Covid-19. “Os anticorpos das lhamas são mais reativos ao Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19. Por isso, são muito promissores para o desenvolvimento de medicamentos contra essa doença”, explica o médico veterinário e vice-reitor da UECE, professor Dárcio Ítalo Teixeira, em áudio enviado pela assessoria da universidade. Expectativas das instituições são animadoras. “A faculdade de veterinária da UECE, especialmente o professor Dárcio, tem muita experiência no manejo e na reprodução de animais, e a FIOCRUZ tem experiência na estruturação da plataforma de desenvolvimento de nanocorpos.

Estamos trazendo essa plataforma para a FIOCRUZ Ceará, para trabalharmos em parceria com a UECE e com outras instituições de ensino e de pesquisa do estado. Nós acreditamos que essa parceria será extremamente frutífera”, destaca a pesquisadora em saúde pública da FIOCRUZ Ceará, Carla Celedônio, também por meio da assessoria. A pesquisadora explica que além do tratamento, a pesquisa também tem como foco o desenvolvimento de kits de diagnóstico. “A partir do momento que identificamos o nanocorpo de interesse, suas propriedades, como afinidade e solubilidade, são melhoradas em laboratório para viabilizar a formulação de um medicamento. Esses insumos podem ser usados tanto para a terapêutica como para o diagnóstico da doença”, disse. A UECE e a FIOCRUZ são parceiras desde 2018 e, além da pesquisa com a Covid-19, a plataforma tem focado em outras doenças, buscando insumos para o combate à Febre Amarela, Zika, Chikungunya e toxinas ofídicas (de animais como cobras e serpentes) que são de importância para o Brasil. A parceria envolve também o Haras Claro, a Universidade Federal do Ceará (UFC) e o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Tem apoio financeiro da fundação cearense de apoio ao desenvolvimento científico (FUNCAP) e FIOCRUZ.

Sobre as Lhamas

As lhamas são mamíferos ruminantes (digerem os alimentos em duas etapas) que vivem principalmente em países da América do Sul, pertencem à família dos camelídeos e têm sido estudadas em todo o mundo devido às características únicas dos seus anticorpos. De acordo com o médico veterinário do Haras Claro, Leandro Rodrigues, o local possui dois casais de lhamas que chegaram ao Ceará há cerca de dois anos com idades entre seis e oito meses. Recentemente, com o manejo adequado e as adaptações necessárias para melhorar as condições térmicas para a espécie, as lhamas tiveram êxito na reprodução, gerando um filhote macho, atualmente com cerca de sete meses, que foi adquirido pela FIOCRUZ para a realização de pesquisas. As lhamas utilizadas para essa pesquisa estão sendo transferidas para a fazenda da faculdade de veterinária da UECE, localizada em Guaiúba.

FONTE: JORNAL O POVO – 16/04/2021