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A Universidade Estadual do Ceará (Uece) obteve, do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), aprovação de sua primeira carta-patente. O documento visa à proteção nacional da invenção do Processo de Obtenção de Eletrodo Impresso Modificado com Nanopartículas de Ouro, desenvolvida em parceria com a Embrapa Agroindústria Tropical. O processo patenteado é resultado do desenvolvimento do projeto de Tese de Maria Gardeny Ribeiro Pimenta, pelo Programa de Pós-Graduação da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio/Uece).
São responsáveis pela invenção os pesquisadores Carlucio Roberto Alves, Maria de Fátima Borges, Rosa Fireman Dutra e Roselayne Ferro Furtado, além de Gardeny. A invenção consiste na fabricação de superfície sensora usada para detecção de contaminantes químicos (pesticidas, toxinas) e biológicos (microrganismos) ou para a confecção de uma superfície biossensora com imobilização de material biológico (proteínas) que torna a detecção de analitos extremamente seletiva. […] A grande vantagem desse sensor deve-se ao fato de ser de baixo custo, de alta sensibilidade e de fácil uso dos eletrodos construídos para uso em sensores. O processo pode ser útil para laboratórios, bem como para indústrias e pequenos produtores. Um exemplo prático de sua utilização é a detecção de contaminantes em produtos, como leite e derivados, que, devido à grande quantidade de proteínas e da lactose, podem ser um meio de enriquecimento para microrganismos. A patente, que é resultado de pesquisa conjunta entre Uece e Embrapa, contou com o apoio do Escritório de Patentes da Embrapa e do Núcleo de Inovação
Após aprovação da carta-patente, Uece e Embrapa darão o próximo passo, que é a busca de parceiro industrial para produção do produto em larga escala e sua inserção no mercado. A parceria institucional entre Uece e Embrapa já resultou em outras pesquisas e outros depósitos de patentes e na implantação do Programa de Pós-Graduação em Ciências Naturais, de forma associativa. A parceria, desta vez, obteve como resultado a referida carta-patente Nº BR 102013033108-2, cuja validade é de 20 anos, e que, conforme informado anteriormente, visa proteger a invenção que consiste na fabricação de superfície sensora usada para detecção de contaminantes químicos e biológicos, ou para a confecção de uma superfície biossensora com imobilização de material biológico que torna a detecção de analitos extremamente seletiva.
A superfície consiste em eletrodo impresso modificado (filme de carbono depositado sobre um suporte inerte de PVC) com nanopartículas de ouro depositadas. Esse eletrodo é acoplado a um aparelho (potenciostato/galvanostato, fomentado pela FINEP) que permite aplicação de diferentes potenciais (neste caso, uma varredura de potencial). Em determinados potenciais, as moléculas (orgânicas e inorgânicas) realizam reações (eletro)químicas havendo fluxo de corrente elétrica, onde a intensidade dessa corrente é proporcional à concentração do meio analisado. A nova superfície sensora é obtida por um tratamento com KCl seguida da eletrodeposição das nanopartículas de ouro, que tem a função de amplificar a resposta do sinal elétrico proveniente da interação entre a superfície e o analito, aumentando, assim, a sensibilidade do (bio)sensor; detectando concentrações na ordem de nanogramas ou até picogramas (10-9 e 10-12). Os resultados dessa invenção culminaram na formação de recursos humanos especializados, artigos científicos publicados em periódicos de alto fator de impacto, além da patente. Isso mostra que os investimentos dos Governos Estadual e Federal na pesquisa, do ponto de vista econômico, poderão retornar à sociedade, rentabilizando benefícios em médio e longo prazo, como finalizou o pesquisador Carlucio Alves. “Os recursos dos impostos aportados na produção de conhecimento e de tecnologia retornam para a sociedade na forma de inovação e, consequentemente, melhoria da qualidade de vida”.
FONTE; UECE NOTICIAS