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Uma vitória histórica para a Paleontologia e a conscientização para a salvaguarda dos fósseis da Chapada do Araripe. O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens recebeu, oficialmente, nesta quinta-feira(21/10/2021),36 peças fósseis, que se encontravam na Universidade do Kansas, nos Estados Unidos. Uma delas, o fóssil da aranha Cretapalpus Vittari — homenagem dada pelos pesquisadores americanos e a cantora brasileira Pablo Vittar. A solenidade de entrega oficial contou com a presença do Reitor da URCA, Francisco do O’ de Lima Júnior, o Vice-Reitor, Carlos Kleber de Oliveira, o diretor do Museu, Allysson Pinheiro, pesquisadores e autoridades do Município, além do Chefe de Gabinete Edmar Pinheiro. A abertura foi realizada pelo Secretário da Ciência, Tecnologia Educação Superior e Inovação, Inácio Arruda.
O fóssil pertence a uma aranha da família PALPIMANIDAE, oriunda da Chapada do Araripe, no Ceará. O exemplar é o mais velho registrado em toda a América do Sul, sendo datado da Era Mesozóica (que ocorreu entre 250 e 65 milhões de anos atrás).Durante a abertura, houve destaque para a importância da articulação realizada entre a Universidade Regional do Cariri (URCA), através do Museu, a Universidade do Kansas, além da intermediação realizada através da Polícia Federal e Ministério Público Federal, para a devolução das peças em ótimo estado de conservação, conforme os pesquisadores.
A repatriação dos fósseis é motivo de comemoração entre os pesquisadores e a comunidade de Santana do Cariri. Um trabalho de educação para conscientização deverá começar no próximo ano nas escolas, com disciplina obrigatória voltada para o ensino de noções básicas sobre a paleontologia e o patrimônio fossilizado. O Projeto foi abordado pela autora, vereadora Cristiane Cabral, durante a entrega oficial do material.As peças tinham saído ilegalmente do Brasil e retornam para o seu lugar de origem, ficando a partir de agora sob a salvaguarda da instituição. Até o final do ano, os fósseis deverão estar expostos no Museu. O material fará parte da reserva técnica do equipamento e até o final do ano deverá estar em exposição no Museu. O diretor do Museu de Paleontologia, Allysson Pinheiro, comemora a conquista do material, até porque esteve acima das expectativas.
Vieram mais fósseis do que o previsto, até mesmo daqueles que não se tinha conhecimento de estarem nos EUA. “Esse é um momento emblemático”, destaca o professor, que acrescenta a saída desse material do Brasil, sem a documentação necessária. “Tivemos o nosso pedido prontamente atendido, além da devolução das peças que a gente nem mesmo sabia que existiam”,Na oportunidade, o Secretário anunciou a vinda de mais 10 professores doutores visitantes, com o lançamento de edital exclusivo voltado para essa finalidade, em atendimento ao pleito da URCA. “Com o apoio da FUNCAP, haverá um salto muito grande no trabalho desenvolvido pela URCA”, afirmou. O Reitor da URCA, Professor Lima Júnior, agradeceu o apoio dado pela SECITECE e o Governo do Estado, ao ressaltar que a URCA nunca teve um edital voltado para professor visitante.Também estiveram presentes durante o lançamento, pesquisadores da URCA, equipe do Araripe GEOPARk e do Museu de Paleontologia. Para o Reitor, A ideia de repatriação dos fósseis tem um significado de que a ciência que instrumentaliza o conhecimento tem que ficar na própria região.
A Coordenadora do Setor de Geoconservação do Araripe Geopark, Maria Edenilce Peixoto, além de curadora do Museu, destacou o momento histórico, ressaltando a devolução cordial, e de forma articulada. “Uma repercussão positiva que mobilizou pessoas nos Estados Unidos. Quanto mais se pautar essa questão, conseguiremos espaço e os pesquisadores de fora terão consciência que o fóssil é daqui. É uma conquista imensa e histórica”, disse a professora e pesquisadora da Universidade Regional do Cariri (URCA).